Sunday 31 October 2010

Como se escreve o nome da nossa Pátria?

São 08:52 em Londres...Ou melhor, 07:52 já que essa blogueira que vos fala ainda não voltou os relógios nesse fim de horário de verão. A cidade preguiçosamente curte mais uma horinha de sono, mas eu já estou aqui, na frente do computador, acordadíssima e agitadíssima pensando no dia de hoje...Na Dilma...nas eleições...no Brasil.

Elegeremos (ou já elegemos, dependendo da hora em que você, caro(a) leitor(a), estiver lendo esse post) nossa primeira presidenta. E isso é glorioso! O caminho foi árduo, penoso e muitas vezes asqueroso..Mas o bom senso prevaleceu. Entretanto ainda sinto um gostinho amargo na boca. Uma tristezinha, uma sensação de que a vitória foi conseguida, mas o triunfo está beeeemmmm longe. E sei exatamente o motivo pelo qual estou me sentindo assim. Ele se chama Brazil.

Sim, Brazil com “z”...Esse e o paíz que me assusta e me desanima.  É o paíz que me chocou ao se expor tão descarada e vergonhosamente no segundo turno dessas eleições presidenciais. É o paíz que ainda carrega a herança maldita do colonialismo, dos 20 anos de ditadura apoiada pelos nossos amiguinhos americanos (que surprise surprise pronunciam nosso país com “z”)...É o paíz Casa Grande e Senzala.

O Brazil é fascista. O Brazil tem uma imprensa golpista, manipuladora e sem ética. E essa mesma imprensa quando é criticada acusa aqueles que a criticam de inimigos da liberdade de expressão.

O Brazil é classista e racista. Os brazileiros são na minha opinião os votantes burguesinhos e riquinhos que apoiaram um candidato que se usou de truques, mentiras e calúnias para ganhar as eleições. São aqueles cidadãos que acham que Bolsa Família é esmola (engraçado, no resto do mundo se chama “social welfare”), que reclamam que empregada agora custa caro e tem TV plasma, que acham que negro não pode ter cotas na Universidade porque não é justo. São aqueles que acham que dizer 100% branco é a mesma coisa que dizer 100% negro.

O Brazil é conservador. Lá nesse paíz, mulher que aborta é considerada assassina, mas jogador de futebol que mata namorada é macho que apenas ensinou uma lição a uma “Maria Chuteira” vadia. Lá nesse paíz, a Igreja se mete em assuntos do Estado e prega que usar camisinha não ajuda contra o combate à Aids. No Brazil, os jovens brazileiros tem dificuldade de se dissociar dos mesmos valores e preconceitos de seus pais e avós.

Eu não sou brazileira. Nunca serei. E se o outro candidato tivesse ganhado, eu teria jogado meu passaporte no lixo. Mas antes que me acusem de radical, já digo de cara. Não, não sou contra multipartidarismo ou oposição. Oposição é vital para o funcionamento de uma democracia saudável. Mas sou contra o lixo político e partidário que existe no Brazil cujas plataformas se estruturam apenas no anti-petismo e não em propostas sólidas e concretas que beneficiem os que mais necessitam.

Mas o Brasil ganhou hoje. E com ele a esperança de que dias mais açucarados adoçarão o gostinho amargo que ainda sinto na boca. Com a vitória de Dilma estou mais próxima de querer voltar para a terrinha. Sempre me senti um pouco culpada por sair do país. Afinal de contas, não é o nosso hino que prega que um “filho teu não foge à luta”? Mas agora entendo que não fugi...Eu me libertei. Me libertei do Brazil, adquiri novos conhecimentos, expandi meus horizontes...E agora quero voltar e usar tudo de bom que aprendi a serviço do meu país. Lutar para que o Brazil nunca prevalesça.

Viva o povo BraSileiro!